quarta-feira, 29 de junho de 2011

Avicebron e a Filosofia Medieval Judaica

Como já foi bastante dito na leitura adotada pela disciplina História da Filosofia Medieval (MacGrade. A. S. Filosofia Medieval, Ed. Idéias & Letras, 2008), os leitores contemporâneos, na sua maioria, são alheios à filosofia medieval. E quando se trata de filosofia medieval judaica, chega a ser estranho. Mas apesar de toda estranhesa, é indispensável o reconhecimento da sua profundidade e complexidade filosófica.
A filosofia judaica se desenvolveu na Idade Média sob influência dos árabes, sobretudo na Espanha. Também os séculos XI e XII são os de maior florecimento. O caráter geral da filosofia judaica é semelhante ao da árabe, da qual, na verdade, procede, com contribuições neoplatônicas e místicas da Cabala. Como os muçulmanos, os judeus procuram elaborar uma escolástica hebraica.
Entre os pensadores hebreus espanhóis mais importantes encontra-se Avicebron. AVICEBRON, AVENCEBROL ou ABENGABIROL. São os diversos nomes dados desde a Idade Média ao filósofo, teólogo, gramático e poeta de linhagem judia (Selomó ben Yehuda Abu Ayyub ibn Gabirol) (ca. 1020- 1059, embora segundo alguns tenha falecido em 1070) que nasceu em Málaga, de família cordobesa, e se formou em Saragoça. Viveu portanto na primeira metade do séc. XI e ficou muito conhecido entre os cristãos por sua obra A fonte da vida, escrita em árabe com o título de Yanbu’ al-Hayya,resumida em hebraico por Sem Tob ibn Falaquera (século XIII) com o título de Meqor Hayyim ou Mekor Hayim e traduzida para o latim (Fons Vitae) por João Hispano e Domingos Gundissalino.
O Mekor Hayim  reflete a educação de seu autor na rica cultura intelectual, filosófica, científica e literária judeo-árabe da Espanha Islâmica em seu auge. A fonte da vida fazia parte de um sistema filosófico-teológico completo ao qual pertenciam outros escritos – perdidos – sobre o ser e sobre a vontade. Trata-se de um diálogo entre mestre e discípulo, dividido em cinco partes, no decorrer das quais é discutido o problema da composição das substâncias simples e da existência da matéria e forma universais. As teses mais características de Avicebron nessa obra são:
1-   A teoria da universalidade da matéria;
2-   A teoria da Vontade como fonte de vida, primeira emanação de Deus e força impulsora do universo.
<<Em uma próxima postagem desenvolveremos as duas teses de Avicebron.>>

Referencias Bibliográficas.
MACGRADE. A. S. (org). WENSTEIN, Idit Dobbs. Filosofia Judaica in___ Filosofia Medieval. São Paulo, Ed. Idéias & Letras, 2008, p 157- 158.
MARÍAS. J. História da Filosofia. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 2004, p 168-169.
MORA. J. F. Dicionário de Filosofia de A a D. São Paulo, Ed. Loyola, 2004.

3 comentários:

  1. AVICEBRON: COM SUA PESQUISA ORIGINAL SITUA ÀS QUESTÕES DO HILEMORFISMO. A MATÉRIA-PRIMA PRIMEIRA À MATÉRIA ESPIRITUAL.É UM NEOPLATONISMO DO SER.TOMÁS CRITICA, NA OBRA De substantilis separatis 5-8,AO POSTULADO DEFENDIDO.

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  2. Um Hilomorfismo diferente do de Tomás de Aquino.
    Tomás, divergindo um tanto da ideia platônica da relação corpo e alma, entende que corpo e alma são uma unidade cuja existencia de um depende da existencia do outro, ou seja, o homem é "individual que pensa" não a alma; é o homem, não o corpo, mas ambos juntos é o homem, embora a alma seja a forma do corpo, isto é, possui a capacidade de animar o corpo e, é isso que constitui a substancialidade do homem. esse é o Hilomorfismo de Tomas, sem hierarquis, sem graus de ser, mas simplesmente alma/corpo inceparaveis.

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  3. A FILOSOFIA MEDIEVAL è desmerecida pelos humanistas da Renascença, qeu viam nela um período intermediário entre a cultura clássica da Grécia e de Roma e a Renascença de seus seus valores, apesar deste período ter durado aproximadamente mil anos e ser o mais longo período de desenvolvimento filosófico na Europa, e um dos mais ricos

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